EDUCAÇÃO
Unesc representa Santa Catarina na premiação nacional “Para Mulheres na Ciência”
Josiane Budni está entre as vencedoras do programa da L’Oréal, Unesco e Academia Brasileira de Ciências
A Unesc é a única IES (Instituição de Ensino Superior) de Santa Catarina a ter uma pesquisadora laureada com o prêmio do programa “Para Mulheres na Ciência” 2019, realizado pela L’Oréal Brasil, Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) Brasil e ABC (Academia Brasileira de Ciências). A professora doutora Josiane Budni, está entre as sete jovens pesquisadoras laureadas pelo programa, que reconhece e incentiva o trabalho realizado por mulheres cientistas de todo o país. Esta é a quinta vez que a Universidade tem uma profissional condecorada pelo programa.
A Unesc ainda representa as Universidades Comunitárias no prêmio. Com exceção de sua professora, todas as outras pesquisadoras premiadas são de universidades federais ou estaduais brasileiras. Josiane é graduada em Farmácia e em Análises Clínicas, possui mestrado em Neurociências, doutorado em Bioquímica pela UFSC e pós-doutorado em Ciências da Saúde pela Unesc. Na Unesc, ela é docente do PPGCS (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde), pesquisadora do Laboratório de Neurologia Experimental e coordenadora adjunta do curso de Biomedicina. É coordenadora do grupo de pesquisa em doenças neurodegenerativas que estuda o envelhecimento e a doença de Alzheimer.
Josiane e as demais vencedoras receberão cada uma, bolsa-auxílio de R$ 50 mil para ser utilizada em um período de dois anos no desenvolvimento de pesquisa aprovado pela comissão julgadora do projeto, composta por 16 profissionais renomados no campo da ciência. E no dia 10 de outubro, a premiação será oficializada em um evento no Rio de Janeiro, no qual as pesquisadoras serão homenageadas.
O Programa “Para Mulheres na Ciência”, é desenvolvido desde 2006 e tem como ponto de partida a transformação do panorama da ciência no país, favorecendo o equilíbrio dos gêneros no cenário e incentivando a entrada de jovens mulheres no universo científico. As pesquisadoras escolhidas atuam nas áreas de Ciências Físicas, Ciências Matemáticas; Ciências Químicas ou Ciências da Vida (Biomédicas, Biológicas e da Saúde) – categoria na qual a professora da Unesc foi premiada.
Projeto premiado tem como tema principal a doença de Alzheimer
O projeto que a professora da Unesc irá executar relaciona distúrbios do sono como um fator de risco para a Doença de Alzheimer. A proposta dela é trabalhar uma visão translacional do estudo, ou seja, utilizando experimento em modelos animais e estudo com humano. Josiane explica que o uso dos dois estudos, roedores e humano, dá mais força e base ao projeto e colabora com a ampliação das respostas aos questionamentos levantados pela pesquisa.
Josiane já havia utilizado a melatonina em uma pesquisa para tentar reverter a perda de memória relacionada à doença de e vai usar este hormônio novamente neste novo estudo. A pesquisa consiste em realizar a privação do sono no animal, e depois induzir a doença de Alzheimer neste mesmo animal. A ideia é tentar tratar com melatonina, para ver se ela consegue reverter esse dano causado pelo distúrbio do sono associado com a doença de Alzheimer. “Também quero entender o processo fisiopatológico. O que acontece no animal com distúrbio do sono e com a doença. Será que o dano que vai ter na memória é maior que do que daqueles animais que apresentam os problemas separadamente?”, comenta.
Em um segundo momento, a pesquisadora irá realizar o estudo em humanos. Pessoas com declínio cognitivo leve – que começaram a perder a memória, podendo sinalizar o começo da Doença de Alzheimer – e que têm diagnóstico de apneia do sono serão convidadas a participar da pesquisa. “Durante seis meses iremos utilizar nestas pessoas um aparelho que ajuda a evitar a apneia do sono e junto disso, ministrar melatonina, para ver se eles terão melhora no declínio cognitivo”, explica.
Para desenvolver a pesquisa, Josiane contará com o apoio da equipe formada por alunos de Iniciação Científica e de Mestrado e Doutorado que atuam no Laboratório de Neurologia Experimental da Unesc. “Em pesquisa não se faz nada sozinho. Todo o trabalho é realizado em equipe. A parceria com os profissionais e estudantes da Unesc é imprescindível para que o estudo saia do papel”.
Reconhecimento chama a atenção para trabalho desenvolvido na Unesc
Em 2019, o programa “Para Mulheres na Ciência” da L’Oréal/Unesco/ABC recebeu mais de 500 inscrições com projetos de todo o Brasil. “Ser vencedora e ainda em Ciências da Vida, área que mais teve projetos inscritos é indescritível. Este é um prêmio que vai para você como pesquisadora e como mulher e para a Instituição. E ele vindo no momento político e econômico que estamos no país, com crise na pesquisa que vivemos, é um atestado de que o trabalho científico desenvolvido no país é excelente e as mulheres têm sim parte nisso”, afirma.
Segundo a professora, o prêmio ainda abre portas e dá visibilidade para o trabalho desenvolvido em uma Universidade Comunitária. “Ele mostra para todo o país que na Unesc é feito pesquisa de qualidade e divulga para a comunidade o trabalho que é realizado com o objetivo de contribuir com a vida e saúde da população”, salienta Josiane. Ela pontua ainda que o reconhecimento estimula também os estudantes da Instituição a atuarem e investirem na carreira acadêmica.
Resultado de investimentos na pesquisa
A reitora da Unesc, Luciane Bisognin Ceretta, observa que esta é a quinta vez que uma professora do PPGCS (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde) é laureada pelo programa “Para Mulheres na Ciência”. Segundo ela, a premiação é uma honra para a Universidade e também comprova o importante investimento da Unesc na área da pesquisa e dos profissionais ligados a ela.
“Somos uma referência importante na pesquisa nacional. O trabalho da Josiane tem sido impecável. É uma pesquisadora muito focada nos seus objetivos, com uma pesquisa lindíssima voltada aos estudos e alvos terapêuticos na doença de Alzheimer, dentre outros estudos na área de neurociência. Tê-la em nosso hall de pesquisadoras é um privilégio. Para a Unesc, é motivo de orgulho e muita satisfação”, ressalta.
O diretor de Pesquisa e Pós-Graduação da Unesc, Oscar Montedo, lembra da importância do Programa “Para Mulheres na Ciência” para o incentivo e reconhecimento de jovens profissionais brasileiras que se destacaram nacionalmente na pesquisa científica. “Pela quinta vez, a pesquisa feminina da Instituição é agraciada com este importante reconhecimento, o que nos enche de orgulho e alegria. Isso demonstra a relevância da pesquisa realizada na Unesc e o quão talentosas são nossas mulheres, como a professora Josiane”, afirma.
Segundo o coordenador do PPGCS, Felipe Dal Pizzol, para o programa, ser agraciado cinco vezes com o mais importante reconhecimento às mulheres cientistas brasileiras é uma fonte de orgulho. “Isso nos faz ter a certeza de que estamos no caminho certo. Claramente todas as pesquisadoras fazem o PPGCS crescer e o programa faz com que a carreira científica delas cresça junto, com o auxílio e apoio incondicional da Universidade. É uma marca delas, do PPG e da Unesc para ser disseminada pelo país e pelo mundo”.
Texto e fotos: Milena Nandi