SAÚDE

Professor da Unesc esclarece sobre a varíola dos macacos

Doença tem maior incidência na África Central e Ocidental com foco nas florestas tropicais

O Ministério da Saúde (MS) monitora e analisa sete suspeitas da doença do macaco (Monkeypox), registradas nos últimos dias no Brasil. Os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Ceará, Mato Grosso do Sul com um caso cada, além de Rondônia com dois, isolaram os pacientes enquanto aguardam os resultados dos exames.

O professor do Curso de Ciências Biológicas e do Museu de Zoologia da Unesc e Biólogo da Regional de Saúde de Criciúma, Tiago Moreti, comenta que a varíola símia é uma doença causada pelo vírus Monkeypox e recebe esse nome pela detecção inicial em colônias de macacos, apesar de ser encontrado principalmente em roedores.

Segundo Thiago, o problema é que desta vez, desde maio, foram muitos casos confirmados em países considerados não endêmicos para o vírus ou de pessoas que não apresentaram relação direta com viagens a estas regiões endêmicas.

Atualmente, segundo divulgado nesta semana pelo site: globaldothealth/monkeypox , 1.011 casos em 31 países já foram registrados. Esta é a maior incidência fora dos domínios da África, já ocorrida na história mundial.

Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Escócia, Eslovênia, Finlândia, França, Hungria, Irlanda, Irlanda do Norte, Israel, Itália, Letônia, Malta, Marrocos, México, Noruega, País de Gales, Países Baixos, República Tcheca, Suécia e Suíça, são os territórios com casos confirmados.

No Brasil, o Ministério da Saúde divulgou um comunicado sobre a atual situação nacional, através da sua Sala de Situação para monitorar casos da varíola dos macacos no país. O objetivo é a criação de um plano de ação para o levantamento de casos, exames laboratoriais e dados clínicos da doença. Somente em São Paulo, Rio de janeiro e Minas Gerais estão aptos para a realização da investigação, mas segundo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga,  a chegada de kits de exames importados vai facilitar os diagnósticos. 

Transmissão

Por ser um vírus detectado primariamente em animais, a varíola símia é transmitida principalmente por contato direto ou indireto com sangue, fluidos corporais, lesões de pele ou membranas mucosas de animais infectados. No entanto, o que está ocorrendo agora, é a transmissão entre humanos que se dá principalmente por meio de contato pessoal via gotículas respiratórias (tosse ou espirro de uma pessoa infectada), contato com lesões de pele de pessoas infectadas ou objetos recentemente contaminados como roupa de cama ou toalhas. 

Sintomas

Os sintomas se dividem em dois períodos, primeiramente é caracterizado por febre, dor de cabeça, dor muscular e dor na região lombar. Depois se inicia a erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se espalhando para as demais partes do corpo.

Riscos

Para tranquilizar a população, a varíola símia ou varíola dos macacos, é geralmente mais leve do que a varíola humana, erradicada do mundo na década de 70 e 80, através da vacinação. “Comparar a varíola símia como algo parecido com a Covid-19, ainda são coisas muito distantes, primeiro porque a varíola dos macacos já é uma doença bem conhecida, que houve surtos anteriores, como no EUA em 2003, e para a qual já temos uma vacina, com eficiência acima de 80% para prevenir novos casos enfermidade. Como nem saímos de uma pandemia ainda, e agora um vírus com o “nome” de varíola, que no caso da varíola humana foi uma das maiores pandemias da história e com um grande número de mortes, isso deixa as pessoas preocupadas”, analisa o professor.

Prevenção e informações

Conforme Thiago, o importante é não sair alarmando as pessoas ou espalhando fake News. “Ficar divulgando que alguém que conhece está com a varíola símia, porque tem os mesmos sintomas da doença, não é o correto. Até porque, sintomas como febre, dor de cabeça e erupção cutânea, são comuns em várias doenças como herpes simples, infecções bacterianas da pele, varicela/herpes zoster, sarampo entre outras. Então a doença só se confirma através de exames laboratoriais e vale destacar que a letalidade é muito baixa”, destacou.

Com relação à prevenção, devemos seguir com os hábitos que já estamos acostumados como: a limpeza das mãos regularmente com água e sabão e posteriormente utilização de álcool 70%. Os profissionais de saúde em atendimento de casos suspeitos devem realizar as precauções padrão, de contato e de gotículas, o que inclui uso de proteção ocular, máscara cirúrgica, avental e luvas descartáveis. “A única coisa que será acrescentada, é que objetos utilizados pelo indivíduo com suspeita devem ser lavados com água quente e detergente (toalhas, lençóis, utensílios de cozinha) e o doente deverá permanecer em isolamento até as crostas das lesões desaparecem”, concluiu o professor.

Texto: Décio Batista/Agecom/Unesc

Fotos: Décio Batista/Agecom/Unesc e Divulgação

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